obsolescencia_programada, estrategia
builderall


Entender a existência planejada do ciclo de vida dos produtos e as suas implicações para o futuro.



Uma coisa que vêm me chamando muito a atenção é como os modelos de automóveis estão sendo lançados em prazos muito curtos com relação ao anterior e como estão apresentando problemas crônicos com baixíssima quilometragem por mais que o proprietário seja cuidadoso. E se você for analisar com cuidado e dados confiáveis vai perceber que este fenômeno se trata de uma prática estratégica de encurtamento da vida útil de produtos conhecida como ?Obsolescência Programada?. Usada por indústrias de vários segmentos para estimular a compra recorrente. Embora seja uma forma eficaz de manter o mercado aquecido, a prática levanta questões éticas e ambientais profundas, impactando o consumo e o descarte de produtos.


Neste artigo, exploraremos a origem, a evolução, os impactos e as expectativas futuras da obsolescência programada, considerando a crescente demanda por produtos mais sustentáveis e a pressão do consumidor por transparência e durabilidade.


O que é Obsolescência Programada?


É uma estratégia de desing e fabricação em que os produtos são deliberadamente planejados para terem um tempo de uso limitado. Essa estratégia pode ser executada de várias maneiras. Algumas delas são o desgaste mais rápido das peças, softwares que se tornam incompatíveis com atualizações ou até mesmo pela rápida mudança no design, que deixa o produto ?antiquado? aos olhos dos consumidores. O principal objetivo dessa estratégia é encorajar o consumidor a adquirir versões mais recentes ou produtos substitutos, mantendo a demanda e gerando recorrência nas vendas. 


Origem da Obsolescência Programada


A estratégia vem sendo praticada desde o início do século XX. Nos anos 1920, quando foi popularizada pelo setor de iluminação, podemos citar o icônico caso do Cartel Phoebus. Uma organização que uniu empresas de lâmpadas para limitar a vida útil de suas lâmpadas a 1.000 horas, embora a tecnologia permitisse uma durabilidade muito maior. Com essa limitação, as lâmpadas queimavam mais rapidamente, o que gerava uma demanda contínua por novos produtos. Este exemplo se tornou emblemático para ilustrar a manipulação do ciclo de vida das lâmpadas. Com o tempo, outros setores, como automotivo, de eletrodomésticos e eletrônicos, vestuário, começaram a adotar a prática.


Na década de 1950, o conceito foi fortemente impulsionado pelo designer industrial Brooks Stevens, que o definiu como o incentivo ao consumidor para ?comprar algo um pouco mais cedo do que o necessário?. A partir de então, a obsolescência programada se tornou uma prática comum em diversas indústrias.


Processo evolutivo da obsolescência programada


Desde o século XX, tem sedo uma constante, a prática de limitar a durabilidade dos produtos em sincronicidade com a expansão do consumo e a sofisticação das tecnologias. O aumento da concorrência e as políticas de livre mercado, marcas passaram a adotar estratégias que levam os consumidores a trocar frequentemente de produtos, seja pela funcionalidade reduzida dos modelos antigos ou pela atração por inovações estéticas.


Em contra partida, temos o aumento da conscientização ambiental e da pressão por consumo ético. Que veem gerando críticas ao modelo estratégico da obsolescência programada. Muitos consumidores estão priorizando aqueles produtos que são duráveis e questionando o rápido descarte e a cultura de consumo excessivo. Isso levou empresas a reavaliar suas práticas, ao menos parcialmente, e buscar modelos de negócios mais sustentáveis.


No decorrer do processo evolutivo da estratégia da obsolescência programada foi identificado os seguintes tipos:


1 Obsolescência Funcional: Neste tipo os produtos são projetados para falhar após um certo tempo ou número de usos, incentivando a substituição. Um exemplo são baterias seladas em dispositivos eletrônicos, que não permitem troca fácil.


2 Obsolescência de Estilo: Consiste em introduzir mudanças no design, fazendo com que versões anteriores pareçam ultrapassadas ou fora de moda. Um exemplo comum são os lançamentos anuais de novos modelos de smartphones e roupas.


3 Obsolescência Tecnológica: Novas tecnologias tornam as antigas menos eficientes ou incompatíveis. Em eletrônicos, isso é comum em softwares que deixam de funcionar em dispositivos mais antigos.


4 Obsolescência Percebida: Aqui, o consumidor é levado a acreditar que um produto está desatualizado mesmo quando ainda está funcionando bem. Isso acontece principalmente com itens de moda e dispositivos eletrônicos.


Impacto ambiental da obsolescência programada


Para Philip Kotler, muito da chamada obsolescência programada são apenas as forças de mercado de uma sociedade de livre mercado agindo. O que podemos observar é que o efeito do capitalismo obsolescente é que a necessidade constante de troca de produtos causa o aumento de exploração de recursos naturais, gerando maiores volumes de resíduos e elevação das emissões de carbono. O lixo eletrônico, especialmente, representa um grande desafio ambiental, por incluir materiais tóxicos e de difícil reciclagem. E isso sem falar no descarte inadequado e na falta de infraestrutura para reciclagem que agrava ainda mais os problemas ambientais. As práticas de obsolescência programada, portanto, contribuem não apenas para o desperdício de recursos, mas também para a poluição do solo, da água e para a perda de biodiversidade. Sem falar que vai exaurindo com todos os recursos naturais de forma precoce.


Expectativas para a obsolescência programada nos próximos anos.


Nos últimos anos tenho percebido a mudança de comportamento por parte de algumas pessoas que estão melhor conscientes sobre o impacto ambiental e a economia circular. A perspectiva para os próximos 10 anos está relacionada com a mudança como:


1 Direito ao Reparo: movimentos globais têm pressionado para que os consumidores tenham acesso a peças de reposição e manuais, para que possam reparar seus próprios produtos. A legislação que favorece o direito de reparo já está avançando em países como os Estados Unidos e a União Europeia.


2. Economia Circular: Empresas começam a adotar modelos de economia circular, onde produtos são criados para serem mais duráveis, recicláveis ou retornáveis. Esse modelo beneficia empresas e consumidores, reduzindo o impacto ambiental e promovendo o reaproveitamento de recursos.


3 Mudança no perfil do consumidor: Com o aumento do consumo consciente, as pessoas estão mais atentas às práticas das empresas e buscam produtos com maior durabilidade, mesmo que isso represente um custo inicial mais alto.


4 Inovação e novos modelos de negócios: Empresas inovadoras têm explorado alternativas, como o aluguel de produtos eletrônicos e de vestuário, serviços de assinatura e programas de recompra, onde o consumidor pode devolver o produto antigo e receber desconto na compra de um novo.


Conclusão


Como gestor tenho a consciência de que é preciso manter o ciclo de consumo e vendas constante para que a saúde financeira da empresa esteja em dia. Mas até que ponto a prática da estratégia de obsolescência programada é benéfica para as empresas a médio e longo prazo? No cenário atual, onde a sustentabilidade ganha cada vez mais protagonismo, consumidores e empresas são convidados a refletir e adotar práticas que favoreçam a durabilidade e a sustentabilidade. Nos próximos anos, espera-se que novos modelos de negócio e legislações favoreçam um consumo mais consciente, marcando o fim da era da obsolescência programada. 



Você pode ter interesse em:


Benchmarking: Um guia completo para impulsionar a competitividade empresarial.


Como Data Brokers podem mudar a realidade do seu negócio.


Mudança no comportamento de consumo: Reflexões a partir dos insights do 1º trimestre de 2024 da OLX.


Fusão e aquisição empresarial: Estratégias complexas para impulsionar o crescimento organizacional e impactar o mercado.